05 de Abril - Manhã

St Mungus Mensagens : 173 Data de inscrição : 07/07/2011

Eu havia retornado há... o que? Quatro dias?! É...mais ou menos isso e desde então qualquer um que quisesse me ver me encontraria no St Mungus, estava cobrindo plantão em cima de plantão, fazendo de tudo para me manter ocupada e impedindo assim que as pessoas viessem com sua compaixão pra cima de mim, que viessem lamentar a minha perda irreparável ou me prestar condololências... Estava farta disso, afinal nada disso traria meu noivo de volta, traria? Sabemos que não.

Hoje estava assumindo o plantão de Stewart, que tinha tido algum problema com sua jovem esposa e neste momento me encaminhava para o quarto de Liam Hilton, relendo todas as observações feitas por meu colega, bem como avaliando o resultado dos exames que ele havia solicitado que fizessem com o garoto. Ao que parecia, o sr Hilton havia se jogado do telhado de sua residência e sofrera sérias lesões no aparelho locomotor. Sérias, porém, reversíveis. Reversíveis a longo prazo. Estava relendo o diagnóstico e pensando em como daria essa notícia tanto ao jovem quanto ao seu pai, não era mesmo fácil uma situação dessas mas, partindo-se do pressuposto do que os resultados me diziam, havia sim uma esperança de que o garoto recuperasse seus movimentos, mas enquanto isso não acontecia precisava convencê-los de que a manutenção do tratamento era vital para o restabelecimento de Liam.

Adentrei o quarto no mesmo instante em que Anne terminava de organizar o café de Liam e informava que a doutora (no caso, eu) já devia estar chegando e pedia que ele ficasse calmo porque tudo ia dar certo, ela havia criado um vínculo forte com o garoto, os cumprimentei e Anne deixou o quarto – Bom dia sr Hilton – cumprimentei o pai do garoto, enquanto me aproximava da cama de onde Liam me fitava sem disfarçar a ansiedade, coloquei minha mão sobre a dele – Como estamos nos sentindo hoje, garotão? – sorri e passados esses primeiros momentos nos quais expliquei o porque eu estava ali e não era o Stewart, aproveitei para realizar a minha primeira avaliação de praxe dos movimentos do garoto, bem como as perguntas sobre a sensibilidade dele. As quais ambos me respondiam prontamente.

Feito isso, postei-me ao lado da cama e comecei a discorrer sobre os exames – Bem Liam, sr Hilton, - que a esta hora já estava ao lado do filho - estou aqui para informar a vocês sobre o quadro clínico do nosso garotão aqui e sobre o resultado dos exames que o dr Stewart pediu que fossem feitos em Liam, pois bem – entreguei o calhamaço de exames ao sr Hilton e comecei – Sr Hilton, Liam, a fratura que você sofreu entre as vértebras C6 e C7 que ficam no pescoço causou uma lesão grave e também um edema muito grande, daí meu querido essa impossibilidade que você está sentindo para se mover – notei o desconsolo nas feições deles. Essa era a parte que eu detestava na profissão: as más notícias – Neste momento, Liam, você está tetraplégico – dei ênfase naquele ‘neste momento’ porque como disse o quadro do garoto ainda podia se reverter e continuei com o diagnóstico – mas ainda há uma possibilidade de reverter o quadro, para isso precisamos realizar uma cirurgia de emergência ainda hoje, e a operação é a única chance de reverter esse quadro um dia. Eu vou te explicar como funciona, nós vamos fazer um corte na sua nuca e outro no pescoço e através dele fixar a sua coluna, depois nós vamos retirar o disco e fazer a descompressão necessária nas suas vértebras, então daqui a umas três, quatro horas, aproximadamente, iniciaremos os procedimentos, tudo bem? – Bem, eu sabia que havia despejado milhares de informações sobre eles mas era o que precisavam saber. Mantive o sorriso esperançoso enquanto segurava entre as minhas mãos a dos dois homens a minha frente – Vai dar tudo certo, eu garanto, você estará nas mãos dos melhores médicos da Inglaterra – e, não eu não estava mentindo.

OFF: Meus meninos, aí está o post. Se quiserem que eu edite, já sabem!